Obesidade, uma questão Multidisciplinar

Obesidade

Um dos principais fatores de risco para vários problemas de saúde é o excesso de peso e obesidade. Considerada como o maior desafio de saúde pública do Século XXI, tendo uma etiologia multifatorial, uma das principais vias é a comportamental e como tal deve ser tida em atenção.

A obesidade é definida pela acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal, avaliada pelo valor de IMC (Índice de Massa Corporal), assim como a distribuição e composição corporal (massa gorda e massa magra). É uma doença crónica e está associada a outras doenças não transmissíveis, tal como hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, entre outras. Além destas questões, surgem também alterações psicológicas que podem prolongar a patologia, como a baixa autoestima, insatisfação corporal, insegurança, sentimento de culpa, sintomatologia depressiva e ansiosa.

Embora multifatorial, de uma forma simplificada a obesidade é provocada pelo consumo energético superior ao dispêndio/necessidades diárias de um modo crónico e duradouro. Este balanço positivo, provoca um ganho ponderal de peso num determinado período.

Para reverter este problema de saúde, são vários os caminhos a seguir, começando pelo trabalho de prevenção que permite controlar o peso e evitar consequências maiores na saúde e mobilidade. São várias as estratégias, multidisciplinares e que se devem complementar entre si para obter melhores resultados a longo.

Alterações alimentares

A principal causadora e em simultâneo, parte significativa do tratamento é a alimentação.

Hábitos alimentares avaliados e ajustados regularmente de acordo com as necessidades individuais, permitem um controlo e manutenção do peso a longo prazo. Embora não haja a “dieta ideal”, a prescrição deve basear-se em nos princípios da alimentação saudável, assim como uma adequação dos macronutrientes e sua distribuição no dia/refeição.

Atividade Física e Exercício

O sedentarismo é um amigo da obesidade, tendo sido demonstrado que pessoas com um nível de atividade ou exercício físico aumentado têm menores riscos de desenvolver diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares. No tratamento desta doença, indivíduos mais ativos conseguem ter um maior gasto energético no imediato, desenvolvem massa magra que contribui para um aumento da taxa metabólica em repouso, melhoram a resistência cardiorrespiratória e promove uma sensação de bem-estar.

Modificação comportamental

Esta estratégia procura complementar as alterações alimentares para garantir melhores hábitos diários. Inclui:
– Automonitorização, com análise do consumo alimentar diário/semanal;
– Controlo de estímulos que exponham a pessoa a momentos que promovam a sobrealimentação;
– Nutrição adequada, em que dietas demasiado restritivas devem ser evitadas e onde são garantidas escolhas alimentares equilibradas e flexíveis;
– Restruturação cognitiva, as ideias pré-concebidas, crenças e atitudes perante a alimentação e o controlo de peso devem ser modificadas a ajustadas;
– Ambiente social e relacionamentos pessoais, contribui para uma melhor vivência e harmonia entre a alimentação, controlo de peso e momentos sociais.

Terapia farmacológica

Pode ser apropriada, quando os níveis de obesidade são muito altos e as mudanças de hábitos e comportamentos alimentares estejam a ser insuficientes. Não é uma estratégia a longo prazo e não são a cura para a doença Quando esta estratégia é adotada, devem ser trabalhadas conjuntamente alterações alimentares, atividade física e exercício e modificação comportamental.

 

 

Para a resolução deste problema de saúde pública, são muitas as estratégias a aplicar, e o ideal é haver complementaridade das várias sendo aplicadas num programa estruturado e adequado individualmente para obter os melhores resultados em cada caso.

Nutricionista, Jacinta Mendes
3341N